Diante da projeção de um acréscimo de 2,4 bilhões de pessoas na população mundial até 2050, o Brasil se posiciona estrategicamente para liderar os esforços globais em segurança alimentar. O tema foi central no painel realizado durante o GAFFFF 2025 — evento internacional sobre cultura agro realizado em São Paulo, na última sexta-feira (6). Representando a vanguarda do debate, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, defendeu o protagonismo brasileiro por meio da ciência, da sustentabilidade e da diplomacia agroambiental.
“Existe uma demanda concreta para que o Brasil compartilhe suas tecnologias agrícolas com outras regiões do mundo. Temos experiência, resultados e responsabilidade nesse processo”, destacou a dirigente.
Massruhá enfatizou que a trajetória do agronegócio brasileiro é um exemplo de evolução científica e tecnológica. “Desenvolvemos um modelo próprio de produção, baseado na integração lavoura-pecuária-floresta, na correção de solos e no uso eficiente de recursos naturais. Hoje somos referência em produção sustentável.”
Segundo ela, o futuro da agricultura exige um modelo centrado em cinco pilares fundamentais: métricas de sustentabilidade, transição nutricional, transição energética, inclusão socioprodutiva e adoção de novas tecnologias, como a biotecnologia e a agricultura digital.
Inovações e o caminho para a Agricultura 6.0
Entre as tecnologias já em aplicação, Silvia citou a edição genética por meio da técnica CRISPR, usada para eliminar fatores antinutricionais da soja, além do desenvolvimento de cultivares adaptadas a condições de estresse climático, como seca e calor extremos.
No campo das métricas, a Embrapa firmou parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) para mensurar o impacto da sustentabilidade em cadeias produtivas agroindustriais. Os dados apresentados evidenciam o avanço do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), com ênfase na recuperação de pastagens degradadas, na fixação biológica de nitrogênio e no fortalecimento do sistema ILPF, que permite o sequestro de até 30 kg de carbono por árvore ao ano — superando a capacidade da monocultura convencional.
A chamada Agricultura 6.0, segundo a Embrapa, é o próximo estágio: uma agricultura regenerativa, de base tecnológica, integrada a soluções naturais e sustentáveis, com aplicação de bioinsumos, biogás, bioeconomia e engenharia genética.
O Brasil como protagonista no agro do futuro
Para a presidente da estatal, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro em Belém (PA), será um marco simbólico e estratégico para o novo ciclo do agronegócio brasileiro.
“Temos que aproveitar a COP30 como o início de uma nova era. Por sermos um país do agro e sede de um evento climático global, temos o dever e a oportunidade de liderar esse novo modelo agrícola mundial, com equilíbrio entre produção e conservação”, reforçou.
A equipe da Porto Safra, que acompanha de forma contínua as tendências e estratégias da agropecuária brasileira, ressalta que os próximos anos serão decisivos para posicionar o país não apenas como fornecedor de alimentos, mas como referência global em agricultura sustentável, inteligente e responsável.