A cidade de Pizhou, na China, se consolidou como referência mundial na produção de alho, com 700 mil toneladas anuais exportadas para 31 países, incluindo mercados estratégicos como o Oriente Médio e o Sudeste Asiático. O setor reúne mais de 300 empresas de comércio e processamento, emprega cerca de 400 mil pessoas e movimenta uma cadeia altamente integrada entre cultivo, tecnologia e exportação.
Com mais de 2 mil anos de tradição, comprovados por achados da dinastia Han, o cultivo de alho é central para a economia local. O clima temperado de monções, o solo arenoso rico em minerais e a alternância de calor e umidade criam condições ideais, resultando em um alho diferenciado: branco com tons de roxo, textura firme e sabor moderadamente pungente.
Desde a década de 1970, a área plantada saltou para 630 mil mu, com produtividade acima de 1.500 kg por mu. Em 2024, 40% da colheita foi mecanizada. Pizhou lidera na China em produtividade, qualidade e grau de industrialização, sendo o único polo com certificação de origem ecológica.
Distritos como Suyangshan, conhecido como a “capital chinesa do alho”, concentram a produção e mobilizam mais de 100 mil pessoas, além de 4.600 agentes comerciais. Durante a safra, cerca de 30 mil trabalhadores sazonais reforçam a mão de obra. O alho passa por limpeza, secagem e seleção antes de ser armazenado por empresas como a Liming, ou exportado após testes de qualidade, como feito pela Xinruiyuan.
As exportações ultrapassam US$ 300 milhões, representando 70% do mercado do Oriente Médio, 40% do Sudeste Asiático e 30% das exportações totais da China. Além do alho in natura, empresas como a Hengda diversificam com o alho preto, fermentado por 60 dias, conhecido como o “Ferrero do Oriente”, com sabor adocicado e alto teor de frutose.
Outros derivados incluem chips, pó desidratado, cápsulas, extratos e colágeno com sabor de alho. A indústria já conta com mais de 310 empresas, apoiadas por instituições como a Universidade Agrícola de Nanjing e a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas.
No mercado interno, o desafio é ampliar o uso do alho além do segmento de temperos. Para isso, Pizhou opera o maior mercado livre de alho da província de Jiangsu, em Zhenzhuang, com circulação anual de 100 mil toneladas, e está construindo um novo centro de transações, que integrará logística, armazenagem refrigerada e comércio eletrônico.